terça-feira, 29 de março de 2011

Soneto do maior amor











Maior amor nem mais estranho existe






Que o meu, que não sossega a coisa amada






E quando a sente alegre, fica triste






E se a vê descontente, dá risada.






E que só fica em paz se lhe resiste






O amado coração, e que se agrada






Mais a eterna aventura em que persiste






Que de uma vida mal-aventurada






Louco amor meu, que quando toca, fere






E quando fere vibra, mas prefere






Ferir a fenecer - e vive a esmo






Fiel à sua lei de cada instante






Desassombrado, doido, delirante






Numa paixão de tudo e de si mesmo.











Vinícius de Moraes

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